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sábado, 25 de julho de 2015

ESTRUTURA ABNT DO TRABALHO CIENTÍFICO

Todo trabalho científico conta basicamente com esta estrutura fundamental:
ESTRUTURA ELEMENTOOPÇAO
PARTE
EXTERNA
PRÉ-
TEXTUAIS
CapaObrigatório
LombadaOpcional
PARTE INTERNA
PRÉ- TEXTUAIS
Folha de rostoObrigatório
ErrataOpcional
Folha de aprovaçãoObrigatório
Dedicatória(s)Opcional
AgradecimentosOpcional
EpígrafeOpcional
Resumo na língua vernáculaObrigatório
Resumo em língua estrangeiraObrigatório
Lista de ilustraçõesOpcional
Lista de tabelasOpcional
Lista de abreviaturas e siglasOpcional
Lista de símbolosOpcional
SumárioObrigatório
TEXTUAIS
IntroduçãoObrigatório
DesenvolvimentoObrigatório
ConclusãoObrigatório
PÓS- TEXTUAIS
ReferênciasObrigatório
GlossárioOpcional
Apêndice(s)Opcional
Anexo(s)Opcional
Índice(s)Opcional

PRINCIPAIS NORMAS DE FORMATAÇÃO abnt

O padrão de formatação de trabalhos acadêmicos normalmente utilizado pelas instituições de ensino superior são baseadas nas normas definidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), as quais são compostas pelas seguintes NBRs.
NORMA
DESCRIÇÃO
NBR 14724 / 2011 - Trabalho Acadêmico
Esta Norma especifica os princípios gerais para a elaboração de trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros), visando sua apresentação à instituição (banca, comissão examinadora de professores, especialistas designados e/ou outros)
NBR 10520 / 2002 - Citações
Esta Norma especifica as características exigíveis para apresentação de citações em documentos.
NBR 6022 - Artigos científicos impressos
Informação e documentação - Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação
NBR 6023 –  Referências
Esta norma estabelece os elementos a serem incluídos em referências. Esta norma fixa a ordem dos elementos das referências e estabelece convenções para transcrição e apresentação da informação originada do documento e/ou outras fontes de informação.
NBR 6027 – Sumário / 2012
Esta norma estabelece a apresentação do Sumário
NBR 6028 - Resumo e Abstract
Esta norma estabelece a apresentação do RESUMO e do ABSTRACT.
Lembrando que todas as normativas definidas pelas NBRs são “recomendações”, que são ou não seguidas em sua totalidade pelas instituições de ensino.



EXERCICIOS, EXPLICAÇÕES, TRABALHOS E ORIENTAÇÕES
 ANÁLISE COMBINATÓRIA: análise combinatória. Fatorial, arranjos simples, permutação, combinações simples.
TEORIA DOS CONJUNTOS: símbolos utilizados na teoria dos conjuntos e nas operações entre conjuntos, além de conceitos de união, intersecção, diferença, etc.
TABELA TRIGONOMÉTRICA: Tabela com sen, cos e tg para todos os ângulos de 1º até 90º.
  • Reta orientada, segmento orientado, segmento nulo, segmentos opostos, medida de um segmento;
  • Direção e sentido, segmentos equipolentes, propriedades da equipolência;
  • Vetor, vetores iguais, vetor nulo, vetores opostos;
  • Vetor unitário, versor, vetores colineares, vetores coplanares;
  • Soma de vetores, propriedades da soma de vetores, diferença de vetores, produto de um escalar por um vetor, módulo de um vetor, vetor unitário;
  • Produto escalar, propriedades do produto escalar, ângulo entre dois vetores, vetores ortogonais.
 FUNÇÕES - básico:o estudo de funções. O que é uma função? O que é o domínio e imagem de uma função? Como obter o domínio de uma função? Construção do gráfico cartesiano de uma função. Raízes de uma função. Propriedades de uma função (injetora, sobrejetora e bijetora). Função par e função ímpar. Função crescente e função decrescente. Função composta e função inversa. Alguns exercícios resolvidos. Tudo bem explicado com o uso de diagramas e gráficos. Indispensável para quem quer aprender funções.
PROBABILIDADE: teoria das probabilidades: experimentos aleatórios, espaço amostral, evento, conceito de probabilidade, propriedades, probabilidade condicional, eventos independentes, probabilidade de ocorrer a união de eventos.
GEOMETRIA ESPACIAL: geometria espacial (prismas, pirâmides, cilindro, cone, paralelepípedo, cubo e tetraedro)
LOGARITMOS: definição de logaritmo, consequências da definição, propriedades operatórias dos logaritmos, cologaritmo e mudança de base.
 MATRIZES E DETERMINANTES: matrizes e determinantes (multiplicação de matrizes, matriz inversa...).
NÚMEROS COMPLEXOS: conjunto dos números complexos. Exercícios resolvidos sobre divisão de números complexos, conjugado, módulo, argumento, forma trigonométrica de um número complexo, multiplicação na forma trigonométrica...
POLINÔMIOS: estudo de polinômios: definição de um polinômio, valor numérico, igualdade de polinômios, divisão de polinômios (método da chave, teorema do resto, teorema de d'Alembert), dispositivo de Briott-Ruffini, decomposição em fatores. Tudo explicadinho com exemplos e exercícios resolvidos.
PRODUTOS NOTÁVEIS: principais produtos notáveis para simplificar o trabalho nos cálculos. Alguns exercícios resolvidos.
 PROGRESSÕES ARITMÉTICAS: progressões aritméticas (termo geral, soma de PAs).
PROGRESSÕES GEOMÉTRICAS: Explicação sobre o conteúdo de progressões geométricas (termo geral, soma dos termos,...).
TRIGONOMETRIA:fórmulas de trigonometria (relações e identidades trigonométricas, fórmulas da adição, fórmulas da multiplicação e transformação em produto).
 FUNÇÃO EXPONENCIAL: função exponencial. Tipos de função exponencial. Definições e exemplos de equações e inequações exponenciais.
 FUNÇÃO LOGARÍTMICA: estudo da função logarítmica. Definição de função logarítmica. Equações e inequações logarítmicas: definições, exemplos e alguns exercícios.
 FUNÇÃO MODULAR: Módulo (ou valor absoluto) de um número, equações e inequações modulares. Módulo e raiz quadrada, função modular. Determinação do domínio através de inequações modulares e construção do gráfico da função modular.
CONJUNTOS NUMÉRICOS: conjuntos dos números naturais, números inteiros, números racionais, números irracionais e números reais.
BINÔMIO DE NEWTON: Introdução, coeficientes binomiais, propriedades dos coeficientes binomiais, triângulo de Pascal, propriedades do triângulo de Pascal, fórmula do desenvolvimento do binômio de Newton, fórmula do termo geral do binômio de Newton.
FUNÇÃO DE 1º GRAU OU FUNÇÃO AFIM: função afim ou função de 1º grau: definição, gráfico, zero e equação de 1º grau, crescimento e decrescimento, sinal.
FUNÇÃO QUADRÁTICA: Definição, gráfico, zero e equação de 2º grau, coordenadas do vértice da parábola, imagem, construção da parábola, sinal da função.
SISTEMAS LINEARES: Equação linear, sistema linear, matrizes associadas a um sistema linear, sistemas homogêneos, classificação de um sistema quanto ao número de soluções, sistema normal, regra de Cramer, discussão de um sistema linear, sistemas equivalentes, propriedades, sistemas escalonados.
EQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS: Definição, exemplos, resolução da 1ª equação fundamental, resolução da 3ª equação fundamental.
 INEQUAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS: Definição, exemplos, resolução das inequações trigonométricas fundamentais divididas em seis casos.
 MATRIZES: Introdução e notação geral, denominações especiais (matriz linha, matriz coluna, matriz quadrada, matriz nula, matriz diagonal, matriz identidade, matriz transposta, etc). Igualdade de matrizes, operações envolvendo matrizes (adição, subtração, multiplicação de um número real por uma matriz, multiplicação de matrizes, propriedades das operações, matriz inversa.
 DETERMINANTES: Determinante de 1ª ordem, determinante de 2ª ordem, menor complementar, cofator, teorema de LaPlace, Regra de Sarrus, determinante de ordem n>3, propriedades dos determinantes.
GEOMETRIA ESPACIAL: Conceitos primitivos, axiomas, postulados sobre pontos e retas, postulados sobre o plano e o espaço, posições relativas de duas retas, postulados de Euclides, determinação de um plano, posições relativas de reta e plano, perpendicularismo entre reta e plano, posições relativas de dois planos, perpendicularismo entre planos, projeção ortogonal, distâncias, ângulos, diedros, triedros, poliedros, poliedros convexos e côncavos, poliedros regulares, relação de Euler, poliedros platônicos, prismas, elementos do prisma, paralelepípedo, cubo, generalização do volume de um prisma, cilindro, cilindro equilátero, cone, pirâmides, tronco do cone e da pirâmide, esfera, zona esférica, etc.
GEOMETRIA ANALÍTICA - CIRCUNFERÊNCIA: Equações da circunferência, determinação do centro e do raio da circunferência, posição de uma reta em relação a uma circunferência, condições de tangência entre reta e circunferência.
GEOMETRIA ANALÍTICA: CÔNICAS: Elipse, elementos da elipse, relação fundamental, excentricidade, equações, hipérbole, elementos da hipérbole, hipérbole equilátera, assíntotas da hipérbole, parábola, elementos da parábola.
GEOMETRIA ANALÍTICA: RETAS: Introdução, medida algébrica de um segmento, plano cartesiano, distância entre dois pontos, razão da secção, ponto médio, baricentro de um triângulo, cálculo das coordenadas do baricentro, condições de alinhamento de três pontos, equação geral da reta, equação segmentária, equações paramétricas, equação reduzida, coeficiente angular, determinação do coeficiente angular, concorrência, perpendicularismo, ângulo entre duas retas, distância entre ponto e reta, bissetrizes.
   



Martin Heidegger: O Humanismo

A obra de Martin Heidegger (1889-1976) é marcada  por sua insistência em apelar para uma radicalização do pensamento metafísico tornou-o um dos filósofos mais célebres do século XX.
À exceção de Ser e Tempo (1927), que ficou inacabado, todos os outros textos de sua autoria foram publicados na íntegra, em língua moderna (alemã) e durante sua vida. Se as teses e idéias de Heidegger são obscuras, isso deve-se a sua maneira hermética de reinterpretar os termos metafísicos, a partir de um retorno à origem helênica da discussão sobre o ser e o pensar. Por vezes, esbarra-se na dificuldade de traduzir o significado de suas palavras e conceitos, devido à interpretação inovadora que ele impõe aos termos das línguas grega e alemã.
Palavras como physis (em grego, "natureza"), dasein (em alemão, "ser-aí"), ousia ("substância"ou "essência" grega) e zeit ("tempo", alemão), por exemplo, fazem parte de um vocabulário que já não é mais o dos helenos e alemães, mas sim heideggeriano. Isso porque, a linguagem, para esse autor, será o elemento mais característico da essência humana. E só através de uma linguagem apropriada pode aflorar a verdade de todas as coisas, pondo às claras o fundamento de tudo. A metafísica de Heidegger procurava, então, retomar o questionamento do ser e a busca de seu fundamento, por intermédio da linguagem originária.
Nesse sentido, a linguagem, comparada ao logos helênico, é a base do real sobre a qual os fenômenos se expõem com clareza. O homem, enquanto portador da língua, é um ser privilegiado para responder como o "ser-aí" deve ser compreendido na sua condição temporal. Contra a vertente aristotélica da metafísica, que faz com que o homem perca sua humanidade, ao ser considerado um ente entre os demais, Heidegger procura mostrar que as relações das coisas existentes é provisória e atrelada ao tempo em que elas ocorrem. O fenômeno, ao manifestar-se no tempo, portaria o sentido do ser. Ao passo que o homem, com sua linguagem, concebido como contemporâneo do ser, em sua existência ao lado do ser, proporcionaria a oportunidade de entendimento desse "ser-aí" presente no tempo, não como um objeto de estudo fixo, constituído por diversas categorias reificadoras - que transformam o ser em uma coisa sujeita à experiência concreta. Ao se manifestar de vários modos o ser revelaria a sua essência no tempo, ao contrário da concepção aristotélica que visava sua classificação, de acordo com as diversas maneiras de existir atemporais. Heidegger entendia o homem como aquele ser portador da verdade e que sua essência seria a preservação dessa verdade, por intermédio de um pensar radical, calcado na origem do pensamento pré-socrático. A nova metafísica proposta por ele supõem haver um único significado autêntico do ser, a saber, aquele cuja essência se encontra na temporalidade própria. Qualquer outra forma de reconhecimento do ser, baseada numa técnica de pesquisa científica, provocaria o esquecimento e a ocultação da verdade do ser.
A Presença do Ser
O conceito de Dasein, traduzido por "ser-aí", assume um papel fundamental na metafísica heideggeriana. É o "ser-aí"que permite o entendimento do ser, a partir do próprio ser em três níveis de conhecimento. No nível ôntico, o "ser-aí" seria determinado pela presença do ser, entre os entes. No estágio ontológico, o "ser-aí"é compreendido como existência num tempo determinado, "aí", fundamentando o ser. Por fim, na esfera ôntico-ontológica, o "ser-aí"determinar-se-ia pelo ser em sua atuação no mundo, princípio de realização de todas ontologias tradicionais. A despeito dessas três etapas de conhecimento do ser, Heidegger vai propor uma nova ontologia que se funde na verdade do ser irredutível a sua entificação e prática cotidiana.
"Ser-aí" é aquilo que é característico do homem. Só o homem, na concepção heideggeriana, existe como um "ser-aí"capaz de revelar-se, sem se esgotar ou identificar com ele. O homem teria a possibilidade de trazê-lo à luz e apresentar-se enquanto tal, ou seja, sendo um ser que se mostra no tempo. Por ser dotado de linguagem, o homem tem a condição necessária para a manifestação do próprio ser no tempo, não como objeto tradicional das ciências e filosofia ocidental, mas na forma de uma subjetividade entrelaçada, na qual sujeito e objeto se mesclam em um pensamento originário.
Talvez essa seja a grande contribuição crítica de Heidegger à filosofia. Ele foi um dos primeiros a tentar superar a relação Sujeito-Objeto, na qual a filosofia - notadamente a Teoria do Conhecimento - havia se detido. Foi pioneiro ao propor uma alternativa para o impasse para o qual a modernidade caminhava, apontando as dificuldades que tal dicotomia proporcionava à compreensão metafísica do ser. Ao chamar atenção para a linguagem como veículo de manifestação do ser, Heidegger queria dizer que tanto nos significados das palavras, como nos sons que elas transportavam, haveria um ser que fala por intermédio da língua.
Sobre o Humanismo
Na época em que a Carta Sobre o Humanismo fora impressa - em 1947, logo após o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45) - a primeira parte da extensa obra de Heidegger já havia sido divulgada. Enquanto isso, na França de 1943, Jean-Paul Sartre publicara "O Ser e o Nada", fato que marcaria o advento do existencialismo francês. Heidegger, no entanto, sempre manteve-se desvinculado da corrente existencialista, não só porque era contra qualquer classificação do pensamento, mas, sobretudo, por causa do papel fundamental exercido pelo conceito de "nada", entre os franceses - para quem o nada poderia gerar a sensação de náusea existencial. Em Introdução à Metafísica (1953), ele irá propor a pergunta metafísica fundamental "porque há simplesmente o ser e não antes o nada?"(1) justamente para mostrar que toda confusão imposta ao conhecimento do ser ocorre por se supor que o nada nadificante possa existir em algum ente. Para Heidegger, essa noção de nada seria capaz de obscurecer o ser ao se tornar mais um ente entre os outros, fator pelo qual a questão metafísica fundamental não pudera ser respondida, até então, pela filosofia ocidental.
Além disso, embora Heidegger já tivesse um renome respeitado no continente europeu, jamais ele escrevera uma obra com o teor explicitamente "humanístico" e "ético". Sua vinculação ao partido nazista, até o final da guerra, tornava ainda mais suspeitas as intenções do autor de Ser e Tempo. Diante desse cenário, Jean Beaufret, existencialista francês que tentava relacionar a obra de Heidegger ao existencialismo, escreve uma carta pedindo ao pensador alemão que ele esclarecesse qual significado poder-se-ia dar ao humanismo abalado
Logo no primeiro parágrafo da Carta, a essência do agir - tema da ética é relacionado com o consumir e produzir que só pode se realizar naquilo que já é, ou seja, no próprio ser. No homem, o pensamento forneceria o acesso à linguagem e esta a manifestação da verdade do ser que o habita. Ao pensar, o homem pode estabelecer a relação do ser consigo mesmo. O pensar, assim, seria o engajamento numa ação que leva à verdade do ser. Para entender isso, seria preciso, segundo Heidegger, se afastar da concepção de pensamento prático e técnico oriunda de Platão e Aristóteles. Por conseguinte, a filosofia ocidental, pertencente a essa tradição, deveria abandonar a pretensão de conhecer os objetos e os entes de modo científico. O pensamento radical não se reduz às exigências de uma "exatidão artificial" dos sistemas teóricos, porém repousa sobre as expressões do ser exibidas em suas várias dimensões(3).
Contrário às demandas por um humanismo e às novas correntes de pensamento rotulados, Heidegger vai dizer que "em sua gloriosa era, os gregos pensaram sem tais títulos"(4). Para ele, só quando o pensamento sai de seu elemento próprio é que, por perder o poder de guardar sua essência, a técnica passa a ser valorizada como atividade cultural e a "Filosofia vai transformar-se em uma técnica de explicação pelas causas últimas"(5), numa crítica direta à metafísica feita por Aristóteles, que buscava as causas últimas das coisas(6). O humanismo, de fato, deveria consistir numa meditação que preservasse o homem em sua humanidade, em sua essência.
A essência do homem, contudo, não se resume em ser um organismo animal que pensa. Esse tipo de classificação científica, apesar de não poder ser negada e declarada como falsa, por Heidegger, revelaria "que as mais altas determinações humanísticas da essência do homem ainda não experimentam a dignidade propriamente dita do homem"(7). Ao homem cabe proteger a verdade do ser e, por conta disso, o ser não pode se identificar com o ente, tal como vem sendo feito pela filosofia ocidental.
Heidegger supõe que o homem possa pensar a verdade do ser a partir da existência, isto é, daquilo que se apresenta como "ser-aí", a própria essência humana(8). Todavia, para experimentar sua essência e morada é preciso que se retome as questões originárias da história do ser: sua "pátria", que na concepção adotada por Heidegger, aqui, não tem uma conotação nacionalista, mas apenas ontológica-historial de um momento no qual o homem esteve mais próximo do ser. O esquecimento do ser é o resultado desse distanciamento do homem de sua "pátria". Concebida nesses termos a metafísica heideggeriana revela um forte apelo à tradição clássica que se concretizaria pela volta ao pensamento originário helênico.
O humanismo de Heidegger, nas suas próprias palavras, é aquele que "pensa a humanidade do homem desde a proximidade do ser"(9). O que está em jogo, portanto, não é o homem, mas sua história e origem, do ponto de vista da verdade do ser. O sucesso desse humanismo, para além do homem, depende da linguagem e do acesso do pensamento originário àquela verdade que pertence a linguagem. Em suma, "a essência do homem reside na ek-sistência"(10), isto é, o humanismo deve voltar-se não para o ente humano, mas sua existência autêntica na verdade do ser-no-mundo. O mundo, aqui, é concebido como o lugar no qual o ser aparece: uma clareira, no sentido heideggeriano (11).
A verdade do ser ao ser pensada originariamente encontra a humanidade do homem, além do humano. Nesse contexto, a humanidade está a serviço dessa verdade que abandona a perspectiva técnica do homem biológico das ciências naturais. Caso contrário, a exigência por uma ética da obrigação deverá ser o meio pelo qual se ordenará e estabelecerá a conduta do homem da técnica, dominado pelos meios de comunicação de massa. Sem o caminho da origem, só através de uma ética de deveres o homem poderia "planejar e agir como um todo, correspondente à técnica"(12): uma vida inautêntica.
A ética, como os demais ramos da Filosofia, surge a partir de Platão, segundo Heidegger. Antes dele os antigos pensadores helênicos não a conheciam. O éthos - palavra grega da qual se derivou ética; é traduzida geralmente por morada ou costume - era a maneira originária pela qual os helenos, como Heráclito, pensavam essa questão (13). Isto significa que o homem é a morada (éthos) do ser.(14) Ao pensamento cabe a tarefa de edificar a casa do ser, onde o homem habitaria na verdade. O pensar originário, concluindo, é um agir que supera a noção prática e o produzir, uma vez que ele consome o mínimo do ser, ao pronunciá-lo em seu meio: a linguagem. O destino do pensar, afinal, é o ser.
Referências
ARISTÓTELES. Metafísica; trad. Leonel Vallandro. - Porto Alegre: Globo, 1969.
HEIDEGGER, M. Introdução à Metafísica; trad. Emmanuel C. Leão. - Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1987.
____________, _. "Sobre o Humanismo", in Conferências e Escritos Filosóficos; trad. Ernildo Stein. - São Paulo: Abril Cultural, 1983.
HERÁCLITO."Fragmentos", in Os Pré-Socráticos;trad. José C.de Souza.-São Paulo:Abril Cultural, 1978.
Notas
1. Veja HEIDEGGER, M. Introdução à Metafísica, p. 33
2. Veja HERÁCLITO DE ÉFESO. "Fragmentos", in Os Pré-socráticos, p. 90.
3. Veja HEIDEGGER, M. "Sobre o Humanismo", in Conferências e Escritos Filosóficos , p. 150.
4. HEIDEGGER, M. Op. Cit., idem, p. 150.
5. HEIDEGGER, M. Idem, ibdem, p. 151.
6. Veja ARISTÓTELES. Metafísica, cap. I e II.
7. HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 157.
8. HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 160-1.
9. HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 164.
10. HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 165.
11. Veja HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 168.
12. HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 169.
13. Veja HERÁCLITO DE ÉFESO. Op. Cit, idem.
14. HEIDEGGER, M. Ibdem, ibdem, p. 170/1.

“Eu vi em sua mão uma longa lança de ouro e, na ponta, o que parecia ser uma pequena chama. Ele parecia para mim estar lançando-a por vezes no meu coração e perfurando minhas entranhas; quando ele a puxava de volta, parecia levá-las junto também, deixando-me inflamada com um grande amor de Deus. A dor era tão grande que me fazia gemer; e, apesar de ser tão avassaladora a doçura desta dor excessiva, não conseguia desejar que ela acabasse..."

Santa Teresa de Ávila